domingo, 24 de fevereiro de 2008

Uma Parte do todo...


Moça, a minha tristeza hoje é como a de tantas outras pessoas que passam por mim. Essa tristeza que sinto é feia como um dia nublado, assustadora como um trovão que estronda de repente, sem pedir licença; triste como uma igreja vazia de Esperança e Fé; iguala-se, mesmo, a uma grande avenida cheia de rostos desconhecidos e olhares indiferentes diante das outras pessoas, que se tornam invisíveis diante da pressa e da urgência de chegar até lá... sorrisos executivos amarelos e cinzentos da cor dos arranha-céus onde vivem.
A tristeza que hoje sinto é a mesma de alguém que esperava ansiosamente pelo entardecer para ver o pôr do sol à beira mar, às cinco e meia da tarde, mas caprichosamente, de repente cai um “pé dágua” frustrando a espera poética. Hoje me acho melancólico como a cena urbana que se pinta em bares e restaurantes dos pequenos e grandes centros, o que muda é apenas a classe que reveste a solidão de uma pessoa qualquer, sentada à mesa de um bar, com um cigarro em uma das mãos, uma garrafa de cerveja ao lado de um copo da mesma bebida, tendo em uma das mãos um celular que não “chama” e outro que não é “chamado”...
Minha tristeza hoje é comparada a de um cais sem barco; de um aeroporto sem avião, de um céu com uma lua distante, de um sorriso que segue em um coletivo que passa por mim muito rapidamente. Minha tristeza é assim, definível, palpável, friamente próxima de mim, quase sou eu a lamentar por aquilo que não foi. Minha tristeza está ligada a ausência que os meus olhos sentem de fazer leitura silenciosa do teu corpo, dos teus lábios, do teu sorriso, de você. E de não saber se tudo isso é apenas um poema de amor e saudade e tristeza ou se é amor ou uma forma de amar...
Xico Fredson!

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